quinta-feira, 31 de maio de 2012

BAIANOS EM PÉ DE GUERRA CONTRA O JORNALISMO BAIXARIA

Por Jadson Oliveira


Walter Pinheiro (com microfone), presidente da ABI, na reunião de entidades baianas (Foto: Paula Fróes)
De Salvador (Bahia) – Depois do vídeo que bombou na blogosfera mostrando a “repórter loira” achincalhando na TV Bandeirante (“Brasil Urgente”, versão Bahia) um jovem, negro e pobre, acusado de estuprador - episódio que motivou  uma “carta aberta” dos jornalistas baianos -, setores da sociedade baiana voltaram a repudiar o chamado jornalismo baixaria – programas policialescos que grassam nas tardes das TVs da Bahia, cuja matriz principal talvez seja o mesmo “Brasil Urgente”, versão nacional, da mesma Band, comandado por José Luiz Datena.

(As cenas chocam o coração de quem tenha um mínimo de sensibilidade diante de situações ultrajantes do ser humano. Veja versão mais ampliada do mesmo vídeo em link abaixo).

Desta vez a manifestação de repúdio foi na Associação Bahiana de Imprensa (ABI), na manhã de ontem, dia 30, quando representantes de movimentos sociais (ABI, Ordem dos Advogados-OAB, sindicatos dos jornalistas e dos radialistas e entidades do movimento negro, dentre outros), por unanimidade, condenaram a orientação de tal tipo de programa, que é comum também em emissoras de rádio.

A convocação foi feita sob a consigna: “Liberdade de imprensa, sim! Violação de direitos humanos, não!” O vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, foi enfático ao criticar o que este blog está chamando de “jornalismo baixaria”, a execração pública da pobreza, esse vale-tudo por audiência. Ele chamou a atenção para o absurdo de tais programas de rádio e TV estarem prestando tal desserviço à comunidade, quando todos sabem (ou deveriam saber) que as emissoras recebem concessões do governo federal para prestação de serviço público.
Ernesto Marques (na tribuna): TVs e rádios são concessões de serviço público (Foto: Paula Fróes)
Por isso e por outras razões – como a manutenção dos escandalosos monopólios da comunicação, cuja proibição é letra morta na Constituição de 1988 -, Ernesto defendeu a necessidade do marco regulatório da mídia, o que nada tem a ver com censura à imprensa, como querem fazer crer os arautos da velha mídia, estes sim, inimigos hoje e sempre da liberdade de expressão (é bastante lembrar o apoio de TV Globo, Folha de S.Paulo, etc à censura imposta pela ditadura militar).

A direção da ABI fez uma representação ao Ministério Público (MP) estadual sobre a situação que ganhou grande visibilidade a partir do vídeo da “repórter loira” (seu nome é Mirella Cunha e o apresentador do programa chama-se Uziel Bueno, mas a maioria concorda que a ênfase das críticas não deve recair sobre a jovem repórter, que, talvez por inexperiência, foi com sede demais ao pote e acabou estigmatizada, também uma vítima). O MP está estudando o caso para ver as responsabilidades, o que inclui os dirigentes da Band, os quais, em nota oficial, prometeram “tomar todas as medidas disciplinares necessárias”, segundo reportagem do Portal Imprensa.

Também o Conselho da Comunidade Afrodescendente entrou no circuito. Vai se reunir na segunda-feira, dia 4. Há a expectativa de que reivindique, dentre outras coisas, direito de resposta à direção da Band – Bahia. Há ainda possibilidade de que se promova, por exemplo, campanha de denúncia e boicote contra anunciantes de programas desse tipo.

Tem mais do mesmo nas TVs baianas

O caso foi detonado, nacionalmente, pelo vídeo postado no Blog do Rovai (de Renato Rovai, editor da revista Fórum e da direção da AlterCOM - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação), postagem inicial de 21/05/12.

Repito aqui (entre aspas), com pequenas modificações, trecho de postagem anterior deste Evidentemente:

“Tal ‘pérola’ do jornalismo baixaria, como está dito acima, é do programa "Brasil Urgente”, da Band - Bahia" (filhote do nacional comandado pelo Datena), apresentado por Uziel Bueno em dois horários: 13 horas e 16:50 horas, de segunda a sexta.

Mas tem mais do mesmo nas emissoras de TV da Bahia (e certamente não só da Bahia). Diariamente os telespectadores baianos são agredidos com humilhações e achincalhes perpetrados por "repórteres" que parecem participar de concurso para ver qual é capaz de maior baixaria. As vítimas, além dos assistentes e do jornalismo, são sempre negros e pobres, algemados, indefesos, de baixa ou  nenhuma instrução escolar, acusados de algum delito, expostos à execração pública nas delegacias de polícia. É comum também em tais programas a exploração das misérias e tragédias da vida humana.

Registro pelo menos mais três programas que buscam audiência através dessa linha editorial:

"Balanço Geral", da TV Record Bahia (TV Itapoan), apresentado por Raimundo Varela (a partir das 7:15 da manhã, especialmente em "entrevistas" do "repórter" Adelson);

"Se liga Bocão", da mesma Record, comandado por Zé Eduardo, que tem dois horários no período da tarde;

"Na mira", da TV Aratu (repetidora do SBT), apresentado pela Loura (Analice Salles), também com dois horários, um perto do meio-dia e outro no início da noite”.

É isso aí, como diz o juiz Marcelo Semer, do blog Sem Juízo: “De que adianta o Estado tutelar a dignidade humana se ela é violada todo dia às seis da tarde em rede nacional?”

(Quem quiser ver o mesmo vídeo, mais ampliado, clique aqui: ele está lincado na matéria "A imprensa que estupra", de Eliane Brum, em sua coluna na revista
Época, conforme postagem do Blog do Miro, de Altamiro Borges, de 30/05/12).

segunda-feira, 28 de maio de 2012

PALAVRA DE ORDEM DOS BLOGUEIROS: FOGO CERRADO CONTRA A VEJA


Conceição Oliveira, Altamiro Borges e Leandro Fortes na mesa da plenária final (Foto: Manoel Porto)
Por Jadson Oliveira, do blog Evidentemente

De Salvador (Bahia) – Os blogueiros, chamados progressistas, decidiram na plenária final do seu terceiro encontro nacional, ontem, dia 27, em Salvador (no Hotel Sol Bahia), centrar fogo contra a Veja, revista semanal do grupo Abril que se tornou a ponta de lança da ultradireita brasileira e que teve exposta publicamente sua cumplicidade com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, objeto de investigações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional.

Veja e outros órgãos da velha mídia (ou do PIG, Partido da Imprensa Golpista, expressão muito difundida pelo blog “Conversa Afiada”, de Paulo Henrique Amorim) já tinham elegido os blogueiros, chamados por eles de “sujos”, como um de seus inimigos preferenciais.

O enfrentamento com a revista da Abril, um dos poucos grupos que monopolizam as comunicações no Brasil, foi discutido e aprovado entre as propostas de ação política. Os blogueiros vão pressionar, inclusive através de audiência com autoridades do governo federal, visando a suspensão de verbas publicitárias para a Veja, e vão patrocinar uma representação na Justiça contra a revista. Também prometem twitaços semanais ou quinzenais com a mensagem “Civita na CPI”, referência ao dono da Abril, Roberto Civita.
Paulo Henrique homenageia Castro Alves: leu trechos de "O livro e a América" (Foto: Manoel Porto)
Platéia na abertura do encontro (Foto: Manoel Porto)
Outra decisão do encontro, com 292 participantes de 18 estados – reunidos em painéis, audiência pública, grupos de trabalho e oficinas nos dias 25, 26 e 27 de maio -, foi aumentar a pressão para que o governo federal avance rumo à instituição do marco regulatório da mídia, em especial a regulação das concessões de rádios e TVs, propriedade pública que sempre é tratada pelos monopólios da comunicação (tratamento referendado pelos governos) como privada.

Foi um dos temas mais discutidos pelos blogueiros. Tal pressão será incrementada em parceria com o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), entidade que vem há bastante tempo desenvolvendo um trabalho nesse sentido. Houve palestras e debates sobre vários outros aspectos da atuação da blogosfera e da defesa da liberdade de expressão, como a luta pelo marco civil da Internet, direito de resposta, direitos humanos e a atuação da mídia nas eleições da Venezuela (no próximo 7 de outubro).   

Ações políticas: ampliar nas redes e também ganhar as ruas

Altamiro Borges, do “Blog do Miro”, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade que organiza os encontros dos blogueiros, enfatizou a nova orientação que deve guiar os passos do movimento: avançar para fora através de ações políticas, ou seja, não interessa mais os blogueiros ficarem falando entre eles, como aconteceu até agora nesses últimos dois anos, marcados pela realização de três encontros nacionais: em São Paulo, Brasília e agora Salvador.
Grupo de trabalho faz avaliação dos três dias de trabalho (Foto: Jadson Oliveira)
Outro grupo: avaliação, críticas e sugestões no último dia (Foto: Jadson Oliveira)
“Foi uma etapa válida, mas temos que avançar”, disse. E avançar significa ampliar a ação nas redes e também ganhar as ruas. E principalmente: interagir, atuar junto com a juventude. A meta – ou o sonho, talvez seja a palavra mais apropriada – é fazer um próximo encontro em 1914 com 1.000 a 2.000 participantes, a grande maioria formada por jovens com idade em torno dos 20 anos.
 
A plenária final, já meio esvaziada porque muitos já estavam embarcando para seus estados, acabou quase 3 horas da tarde de domingo. Foi fechada com a aprovação do conteúdo da Carta de Salvador, cuja redação definitiva ficou a cargo de uma comissão dirigida por Leandro Fortes, da revista Carta Capital e do blog “Brasília, eu vi”. A mesa dirigente da sessão foi composta por Miro, Leandro e Conceição Oliveira, do blog “Maria Frô”.




(Jadson Oliveira é jornalista baiano aposentado e blogueiro. Vive viajando pelo Brasil, América Latina e Caribe. Atualmente está em Salvador. Mantém o blog Evidentemente - www.blogdejadson.blogspot.com). 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A ALPA e o Pólo Siderúrgico do Pará: O Sonho se Esvaiu !!

Artigo de Vicente Cidade

Nesta semana que vai terminando tive a oportunidade de encontrar com o competente Profº. Maurílio, ex secretário da SEDCT, onde trocamos não mais que uns três minutos de ‘prosa’ sobre a Vale, mas, ainda que curta, a conversa me fez pensar mais sobre o assunto. Daí, dado o “estalo”, resolvi escrever esse artigo para externar minha convicção de que, infelizmente, o pólo siderúrgico em Marabá deixou de ser uma realidade para voltar a ser um sonho distante para a sociedade paraense.

No artigo construo claros argumentos para demonstrar que a usina de aço da Vale, a ALPA, que seria a indústria motriz deste pólo, não mais será construída, pelo menos enquanto não houver um novo alinhamento de forças políticas no âmbito nacional e estadual, que convirjam para uma visão de mundo convergentes.

O artigo é relativamente extenso para uma postagem, mas como não gosto de separar idéias, vou fazer só uma postagem pedindo a paciência e compreensão dos leitores.

1)    O PARÁ QUER SER GRANDE             

O estado do Pará sempre se ressentiu de sua condição de mero exportador de bens primários, com pouca agregação de valor e quase nenhuma verticalização da produção. Infelizmente essa realidade parece ainda estar longe de mudar, pois continuamos exportando gado em pé, madeira serrada, frutos e grãos, peixes e, principalmente minérios.

Com relação a atividade mineral, tivemos a esperança de que dias melhores estavam por vir com a esperada implantação do pólo siderúrgico e metal-mecânico na região sudeste do estado, muito festejado,  que inclusive chegou a ter suas obras iniciadas perante a presença do presidente Lula e da governadora Ana Júlia.
Ocorre que agora estamos diante da possibilidade concreta da perda dessa grande oportunidade histórica.

2)    A IMPORTÂNCIA DA ALPA

A Aços Laminados do Pará – ALPA, é uma empresa do grupo Vale, que produzirá(?) aço a partir de suas instalações no distrito industrial de Marabá, com a utilização das matérias-primas oriundas de suas minas exploradas na região sudeste do estado. Representa portanto uma nova etapa do processo produtivo, que é chamado na economia de verticalização.

Com esse processo de verticalização, a Vale deixaria de ser mera produtora de “buracos” ou gusas para se tornar produtora de aço, que ainda hoje é a forma de ferro mais demandada pela indústria mundial. Assim, a produção de aço tem o poder de tração de outras indústrias, que tem no aço a seu principal insumo, assim, via de regra, os estudos de localização industrial quase sempre apontam para a oportunidade estratégica de posicionamento perto do principal insumo, quando este é volumoso ou pesado, caso do aço.

Portanto, a estratégia de implantação da ALPA, está sedimentada na possibilidade de que ela, a ALPA, possa servir como indústria motriz para atração de outras empresas e, a partir disso, ocorra a formação de um grande pólo industrial na região sudeste do estado, capaz de irradiar efeitos sinérgicos na economia do Pará como um todo.

3)    A ALPA NÃO VEIO POR ACASO, ELA É UMA COMPENSAÇÃO ECONÔMICA

Cabe aqui ressaltar que a firmeza com que a ex governadora Ana Júlia e o ex presidente Lula impuseram à Vale a implantação da ALPA,  foi fruto do resgate de uma visão desenvolvimentista que havia se perdido para o estado.

Ou seja, quando da implantação dos grandes projetos na Amazônia, se pensava que estes poderiam atuar como alavancadores de um processo de verticalização produtiva, isto pautado nas teorias desenvolvimentistas da polarização e da capacidade de irradiação de indústrias motrizes e seus efeitos de derramamento econômico. Contudo, o que ocorreu na prática foi a implantação de projetos sem a capacidade de gerar sinergia com a economia local, o que ficou conhecido como modelo de enclaves. 

Esses enclaves foram se consolidando na medida em que após as implantações das suas etapas primárias, nas décadas de 70 e 80 o estado brasileiro perdeu a sua capacidade de financiamento do desenvolvimento e, posteriormente, já na década 90, houve o fortalecimento da agenda neoliberal no país, da consolidação do Estado Mínimo, o que culminou com o processo de privatização das empresas estatais, entre elas a Vale. A Vale privatizada passa então a se especializar apenas na produção das chamadas commodities minerais, sem verticalização, ancorada na desregulação econômica do estado tucano.     

Já no governo do PT, nos anos 2000, o presidente Lula abandona a agenda neoliberal e retoma a regulação do estado na atividade econômica, criando as condições necessárias para que o governo voltasse a intervir no financiamento do desenvolvimento das regiões. Foi nessa conjuntura, de mobilização pelo desenvolvimento, que a governadora Ana Júlia conseguiu sensibilizar o presidente Lula e colocar na pauta nacional a verticalização da economia mineral do Pará.

Fica claro que a vinda do projeto ALPA, não desejado pela Vale, se dá num ambiente de forte pressão governamental sobre a empresa, pautado numa lógica de indução do desenvolvimento regional e, sobretudo, na decisão política de proporcionar uma compensação econômica ao Pará, que além de mero exportador de minério, ainda teve o forte impacto da desoneração fiscal imposta pela chamada Lei Kandir, idealizada no governo tucano de FHC.

Vale destacar, que para tornar o projeto da ALPA viável economicamente e romper com as fortes resistências da Vale, tanto o governo estadual como o federal fizeram inúmeras intervenções de políticas públicas, que foram desde de investimentos em infraestrutura, como desapropriação de terras, priorização na aprovação das licenças ambientais, criação de leis de incentivos, entre outras.

Portanto, com Lula e Ana Júlia o projeto estava, de fato, em fase de implantação.

4)    O PARÁ NA CONTRA MÃO DA HISTÓRIA E A COMPLACÊNCIA DE JATENE COM A VALE

Com a vitoria de Jatene, o Pará se vê frente a uma reação da Vale, que passa a postergar os investimentos na ALPA, que já alongou o seu cronograma de implantação de 2014 para 2018, onde inclusive o seu plano de investimento não previu alocação de recursos no projeto em 2012.

A Vale vem justificando seu posicionamento, alegando que os governos federal e estadual não vem cumprindo com as suas etapas no cronograma. Do governo federal cobra a demora em assumir as obras de derrocamento do Pedral do Lourenço no Rio Tocantins, já do governo estadual aponta a insegurança causada pela demora na desapropriação de uma área da Fase III do distrito industrial.

O governo do Pará, agora conduzido por um ex consultor da Vale, adota uma postura dúbia, num primeiro momento de complacência com a empresa, “estendendo tapete vermelho” para que o presidente da Vale viesse ao estado dizer que o atraso das obras era culpa do próprio governo do Pará e do governo federal. O governador Jatene, para fazer média, arma um palanque para tentar impor à presidenta Dilma o desgaste da decisão da Vale de paralisar a implantação da ALPA.

Contudo, num outro movimento extremamente equivocado, o governador estabelece a cobrança de uma tarifa sobre a atividade mineradora que impacta diretamente a implantação do projeto, o que representa aumentar os custos de produção da empresa para atuar no estado, exatamente no momento em que o mercado de aço no mundo está em baixa. Um grande contrassenso.  

Ora, enquanto Lula e Ana Júlia tentaram viabilizar a operação de implantação do pólo siderúrgico e metal-mecânico numa região periférica, onde reconhecidamente os custos operacionais das empresas são maiores, Jatene, ao contrário, aumenta a tributação sobre a atividade no estado, mesmo sabendo que a medida atingiria em cheio a decisão de implantação da empresa.

Portanto, fica evidente que o governador Jatene está estimulando a Vale a desistir da implantação da ALPA e o que parece mais evidente ainda é que o governador fez uma opção concreta pela não criação do pólo industrial, desde que a Vale pague pelo minério bruto extraído do solo paraense. Ou seja, Jatene preferiu um arranjo imediatista para arrecadar mais e mais rápido, do que o estímulo ao desenvolvimento do estado.

5)    O MERCADO DE AÇO ESTÁ ESTAGNADO

Com a crise econômica que vem assolando o mundo desde 2008 e que continua impondo fraca recuperação à economia americana e estagnação das economias dos países da zona do Euro, o mercado mundial de aço vem experimentando uma grande estagnação, com o volume de produção mundial estagnado aos níveis de 2007. Enquanto isso, o minério de ferro, que tem como principal demandante a China, continua em franca expansão, inclusive com os preços pagos pela tonelada variando positivamente mais de 150% nos últimos três anos.

Ou seja, enquanto o mercado de aço patina, o de minério de ferro vai muito bem. Portanto, na lógica privada, é evidente que o momento é de segurar os investimentos na implantação de unidades industriais de aço e concentrar esforços na ampliação da produção de minério de ferro. Não nos esqueçamos de que a Vale é uma empresa de capital aberto, cuja suas decisões estratégicas impactam diretamente na capacidade de aportar recursos no mercado financeiro.

Isto posto, o “mercado” vem pressionando a empresa a desistir do projeto, por conta de uma avaliação de conjuntura desfavorável ao aço, com reflexos nos preço e, obviamente, nos lucros da empresa, alegando que, na lógica privada dos acionistas, não há razão para investir em siderurgia.

6)    SÓ A POLÍTICA TRARÁ A ALPA DE VOLTA

A conclusão deste artigo é que assim como foi a política que trouxe a ALPA para o Pará, é ela também que está levando embora e, evidentemente, só ela terá condições de trazê-la de volta. Afirmo isso com convicção, pois, basta olhar os ciclos políticos para percebermos que a indução ao desenvolvimento não é mera obra do acaso, ela perpassa por ações de políticas públicas que dependem fundamentalmente do alinhamento político entre o governo federal e o governo estadual.

Nesse sentido vejamos o seguinte:

No primeiro ciclo político, onde tivemos o PSDB governando o Brasil e o Pará, vivemos a era da “Privataria Tucana”, onde a Vale foi privatizada e os interesses da empresa passaram a vigorar apenas pela ótica privada, sem que o estado pudesse intervir em suas decisões.

Já num segundo momento, tivemos o PT governando o Brasil com Lula e o PSDB governando o Pará com Jatene, esse ciclo se notabilizou pela inoperância do governo estadual, onde o Brasil avançou e o Pará ficou para trás, estagnado.

Posteriormente, o PT reelegeu Lula no Brasil e elegeu Ana Júlia no Pará. Nesse ciclo o Pará viu o sonho da verticalização mineral se tornar realidade com a vinda da ALPA. Porém todos sabem que não foi fácil, a governadora precisou ter muita persistência para colocar a pauta da verticalização mineral do Pará na agenda nacional do desenvolvimento do Brasil. Por outro lado, o presidente Lula tinha também a convicção de que precisaria exercer uma forte pressão sobre a Vale, e ele o fez, porque a visão desenvolvimentista de Lula e Ana Júlia convergiram para a necessidade de se levar o desenvolvimento para as regiões ultraperiféricas do país.

Contudo, nesse momento, estamos novamente numa relação distante entre as visões de mundo do governo federal, com a presidenta Dilma do PT e do governo Jatene do PSDB. Enquanto a presidenta Dilma quer impor à Vale maior participação e protagonismo na estratégia de desenvolvimento do país, o governador Jatene, como vimos, não tem interesse em criar essas condições. Ou seja, Dilma pensa em desenvolvimento, Jatene pensa em arrecadação.

Portanto, projetando pra frente essa dinâmica dos ciclos políticos, percebemos que, a se manter para o período 2014/2018 a mesma correlação que se encontra hoje, podemos dar adeus ao pólo siderúrgico de Marabá. Da mesma forma, se ocorresse um novo alinhamento político do governo federal e estadual em torno dos tucanos, certamente a ALPA também deixaria de ser implantada, haja vista que a relação dos governos tucanos com as empresas privadas é de não intervenção, por suas crenças no Estado Mínimo.

Assim sendo, somente o alinhamento político entre governos com visão desenvolvimentista, como ocorreu no período Lula e Ana Júlia, será capaz de reverter esse quadro de perda da ALPA. O sonho se esvaiu !!

THIAGO DE MELLO: ESTRELA MAIOR NA ABERTURA DA 20ª. CONVENÇÃO DE SOLIDARIEDADE A CUBA


Thiago de Mello (Foto: Lúcia Correia Lima - CUT Bahia)
Por Jadson Oliveira, do blog Evidentemente

De Salvador (Bahia) – O poeta Thiago de Mello foi a estrela maior na abertura do encontro nacional para celebrar a solidariedade dos brasileiros à revolução socialista de Cuba, ocorrida ontem à noite, no Teatro Iemanjá do Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. O governo e o povo cubanos resistem há mais de 50 anos às agressões e ao bloqueio do império estadunidense, perpetrados com a cumplicidade da maioria dos veículos da mídia internacional, inclusive a brasileira.

Ele foi aplaudido demoradamente ao ser chamado para a mesa dirigente dos trabalhos da noite e durante sua fala: recitou poemas, como o belo “Estatuto do Homem – Ato Institucional Permanente”, escrito no exílio em Santiago do Chile, em abril de 1964, portanto no calor do golpe militar (clicar aqui para ler o poema); e leu mensagem dos cinco cubanos presos políticos dos Estados Unidos, tratados por Cuba e pelos apoiadores da revolução cubana como “os cinco heróis antiterroristas”.

São eles: Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e René González. Estão na cadeia há 13 anos pelo “crime” de terem se infiltrado nas organizações terroristas de Miami para evitar atentados contra Cuba, conforme está relatado, de forma romanceada, no livro “Os últimos soldados da Guerra Fria”, do brasileiro Fernando Morais.

Thiago de Mello doou à campanha pela libertação dos cinco cubanos seus direitos autorais provenientes da Feira de Livros de Manaus (capital do Amazonas, estado brasileiro onde o poeta vive).

Apresentação do Ballet Rosana Abubakir (Foto: Lúcia Correia Lima - CUT Bahia)
Exposição do pernambucano Helder Beserra, no Centro de Convenções (Foto: Jadson Oliveira)
Além de pronunciamentos políticos, a noite de abertura foi cheia de manifestações culturais: várias apresentações do Ballet Rosana Abubakir (grupo da Bahia que atua sob inspiração do estilo cubano), show musical com os baianos Carlos Pitta e Sapiranga e o Grupo Musical Cubano, bem como homenagem ao escritor baiano Jorge Amado no seu centenário de nascimento.

O encontro prossegue no Centro de Convenções com vasta programação e vai até domingo, dia 27. Hoje, dia 25, está havendo palestras e debates sobre a integração latino-americana e caribenha, os desafios do socialismo na ilha, a situação dos “cinco heróis”, o sistema de saúde em Cuba e no Brasil, a campanha midiática contra Cuba e sobre a questão racial. Para amanhã, dia 26, estão previstos trabalhos de grupos e, no final do dia, leitura e aprovação de relatórios e Carta de Salvador. À noite, uma esticada musical no Pelourinho, no centro histórico da cidade.

Para o último dia, domingo (27), pela manhã, está marcada uma caminhada na praia (Praia do Cristo até o Porto da Barra) pela libertação dos “cinco heróis”. Ainda fizeram parte da programação exposições de pinturas (“Um abraço universal”, em homenagem ao líder cubano Fidel Castro) e fotografias e uma mostra de cinema.

Jadson Oliveira é jornalista baiano aposentado e vive viajando pela América Latina, Brasil e Caribe. Atualmente está em Salvador-Bahia. (Mantém o blog Evidentemente - www.blogdejadson.blogspot.com ).

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Artigo de Emiliano José: Retorno a Auschwitz

Emiliano José

Antes de viajar para a Itália, onde fui com uma equipe de companheiros da área de cinema começar o documentário sobre o padre Renzo Rossi, tomei conhecimento do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, um longo depoimento de um ex-agente da repressão, Cláudio Guerra, dado aos jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto. Não resisti e escrevo sobre a impressionante repercussão que o livro teve e sobre algumas revelações feitas pelo ex-torturador e assassino. Guerra, é importante dizer, não nega essas condições, diferentemente de tantos outros torturadores.

Tenho convicção de que o livro está condenado ao sucesso. Neste caso, por sorte, não houve qualquer boicote por órgãos de nossa grande mídia. O assunto ganhou dimensão nacional, embora, até o momento em que viajei, não na proporção que o assunto merecia. Lembro-me de outro sucesso editorial, que até hoje vende muito, “A privataria tucana”, de Amauri Júnior, que, por azar, foi recebido sob estrondoso silêncio da grande mídia no primeiro momento, só repercutido pelas redes sociais e pelos blogs progressistas. O silêncio, por estranho, acabou por provocar uma explosão de vendagem, curiosamente. Todos queriam saber por que se tentava esconder o assunto.

Saindo dos territórios mágicos da sorte e do azar, diria que o assunto da tortura, dos desaparecimentos forçados de pessoas, dos crimes hediondos da ditadura, veio à tona agora com a força que merecia. Por anos, permaneceu como que submerso, condenado à invisibilidade, como se fosse exagero tudo aquilo que os ex-presos políticos, grupos de direitos humanos, partidos políticos de esquerda diziam sobre a natureza cruel e violenta da ditadura. Agora, uma parte da verdade, da hedionda verdade, aparece na voz de um homem da repressão, que rapidamente é acoimado de louco e desequilibrado pelos seus ex-colegas de crime, de banditismo, de atividades sanguinárias. Será fácil examinar a verdade: basta apenas que todos sejam ouvidos pela Comissão Nacional da Verdade que será brevemente instalada.

Uma usina de cana de açúcar, em Campos, no Rio de Janeiro, foi usada para incinerar 11 ex-prisioneiros políticos, todos nominados por Cláudio Guerra – será que isso não nos remete a Auschwitz?.  Um precipício da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, serviu de cova aberta para inúmeros corpos de militantes assassinados pela repressão. Uma casa na Serra de Petrópolis seria cemitério de vários dos adversários da ditadura. Em Minas Gerais, numa mata, Nestor Veras, dirigente comunista, recebeu dois tiros de misericórdia – neste caso, os dois tiros foram dados pelo próprio Cláudio Guerra, que ainda teria ajudado a enterrar ali os corpos de mais dois líderes comunistas. Um cenário de terror – cenário do terrorismo da ditadura.

Já disse: a verdade tem de aparecer, e ela virá, também, pela voz dos próprios torturadores, e está aparecendo. Agora, neste caso, basta que, por exemplo, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o assassino que comandou Operação Bandeirante, em São Paulo, o coronel aviador Juarez e o delegado Aparecido Laertes Calandra, vivos, se disponham a ser acareados com Guerra para que se examine quem está com a verdade. E mais que isso, que outras verdades apareçam. Guerra, aliás, diz que os três participaram do tribunal informal que decretou a morte de outro assassino, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que certamente vivo seria um problema para todos. Pelas condições do Brasil, pela natureza da Comissão Nacional da Verdade, aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional, nenhum desses torturadores será preso.


Mas, é fundamental que se saiba, com nitidez, o que foram capazes de fazer. A mando de uma ditadura que tinha consciência de que a morte era sua parceira, sua base de sustentação. Não é à toa que Geisel disse ao jornalista Élio Gaspari, que seu governo tinha que continuar a matar. Os matadores que estão vivos devem, ao menos, explicações à sociedade brasileira. Depois do relatório da Comissão Nacional da Verdade, a sociedade brasileira deve decidir qual o próximo passo. Agora, queremos só a verdade. Não é pedir muito, é?  

   
*Texto publicado originalmente na edição desta segunda-feira, 21, no jornal A Tarde. Emiliano José é jornalista, escritor e suplente de deputado federal (PT-BA)


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Assessoria de Comunicação Deputado Emiliano José
Tel.:(71) 3334-1464 / 3016-3521
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domingo, 20 de maio de 2012

Vereador Elias Vaz do PSOL e Carlinhos Cachoeira


 Via o Globo


BRASÍLIA - Um dos partidos mais combativos quando se trata de desvios éticos, o PSOL ainda não decidiu o que fará com o vereador e pré-candidato à prefeitura de Goiânia Elias Vaz. Filiado ao partido, ele é um dos vários políticos do estado de Goiás que teve gravadas conversas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo.

O discurso ético, inclusive, o levou a ser chamado de "um Demóstenes diferenciado" por um dos integrantes da organização. A pedido do próprio vereador, ele será investigado pelo Conselho de Ética do partido, mas até o momento ele não foi ouvido para dar explicações sobre as suspeitas que recaem sobre ele.
Há pelo menos cinco telefonemas entre Cachoeira e Elias Vaz no ano passado que foram interceptados pela PF, dos dias 4 de julho, 10 de agosto, 13 de agosto, 15 de agosto e 18 de agosto. No primeiro deles, o bicheiro pede para Elias avisar ao jornalista, radialista e apresentador de TV Jorge Kajuru que ele não poderá ajudá-lo financeiramente. Cachoeira reclama que está “cheio de conta”, mas deixa claro que a situação é temporária:
— Assim que eu desafogar, eu volto a ajudá-lo, mas por enquanto não dá — diz Cachoeira.
— Tá bom, eu falo com ele — responde o vereador.
Em 18 de agosto, eles comentam uma decisão liminar da Justiça que mandou parar a obra de uma concessionária de veículos em Goiânia. Os dois ficam felizes com a notícia e comemoram. Além disso, há vários diálogos com outras pessoas em que o bicheiro fala de Elias.
Em 26 de março de 2011, Cachoeira conversa pelo telefone com outro vereador da cidade, Santana Gomes (então no PMDB, mas hoje filiado ao PSD). Cachoeira deixa claro que a eleição de Elias em 2012 é uma prioridade. O problema, diz Santana, é que dentre os vereadores cuja reeleição é interessante para o grupo, Elias é o mais ideológico e o “menos malandro”.
— Ocê e ele é os prioritários, né. Geovani já tem os votos dele. Azulinho tem os votos dele. O resto também tem os votos deles, uai. Agora, o Elias não tem voto, uai, concorda? — questiona o bicheiro, fazendo referências aos vereadores Geovani Antônio Barbosa (PSDB) e Pedro Azulão Júnior, o Azulinho (PSB).
Em 2008, Elias foi o vereador eleito com menos votos na cidade: 2.698 no total, ou 0,43% dos votos válidos. Houve candidato com mais do que o dobro de votos que não conseguiu se eleger. Elias se tornou vereador graças ao quociente eleitoral: ao somar os votos de todos os candidatos filiados ao PSOL mais os votos de legenda, o partido foi capaz de alcançar a quantidade mínima de votos para fazer pelo menos um vereador.
No mesmo telefonema, Santana compara Elias ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), apontado como principal ponte da quadrilha com o mundo político em Brasília. Antes das denúncias, os dois vinham se destacando pelo seu discurso ético, o que não passou despercebido por Santana.
— O Elias é um Demóstenes, só que um Demóstenes diferenciado, porque o Demóstenes conseguiu sobressair dentro desse processo. O Elias não conseguiu, não vai. Em cidade, dentro desse processo dele (o discurso ético), não consegue sobressair — diz Santana.
— Vou brigar por ele — responde Cachoeira.
No dia seguinte, os dois voltam a conversar pelo telefone e falam novamente da necessidade de eleger Elias.
— Mas precisa eleger ele. Ele não tem voto. Precisávamos arranjar um local aí para ele ganhar voto. Tem que ser lá no Detran — sugere Cachoeira.
Em 22 de abril, Cachoeira manda Santana falar para Elias parar de bater em algum contrato, que seria de interesse do contraventor.
— Eu só tenho medo do Elias falar besteira aí. Controla ele lá. Fala pra ele conversar na segunda, aí eu mesmo peço pra ele, tá — diz Cachoeira.
Quatro dias depois, Cachoeira se mostra consciente que a revelação dos vínculos entre ele e Elias podem comprometer seus próprios interesses. Nesse dia, o bicheiro, em outro telefonema com Santana, fala de uma obra contra a qual o Ministério Público é contra, o que o desagrada. Elias poderia ser útil por seus contatos com o Ministério Público.
— Essa história que eu te contei agora, ninguém deve saber nada não. Se não nós queimamos o Elias e o Elias também não vale nada para nós também — adverte o bicheiro.
A proximidade entre o contraventor e o vereador é tal que Elias Vaz já foi inclusive algumas vezes jogar bola na chácara de Cachoeira, na cidade de Anápolis. A relação dos dois é conhecida pelo menos desde março deste ano. Na época, o site Brasil 247 revelou que Cachoeira, Elias, Santana e Geovani, além do vereador Maurício Beraldo (PSDB), participaram em agosto do ano passado de uma reunião na casa de Santana. Dela também participou o chefe de gabinete da prefeitura de Goiânia, Cairo de Freitas. Em comum, além das ligações com o bicheiro, esses vereadores fazem oposição ao prefeito Paulo Garcia, do PT. O encontro teria por finalidade aproximar os dois lados, devido às denúncias feitas poucos dias antes por Elias Vaz, apontando irregularidades na compra de brinquedos para o Parque Mutirama, em Goiânia.
Os problemas com o vereador levou um grupo de 11 militantes do PSOL a pedir o afastamento de Elias da direção do partido. O diretório do PSOL no estado, no entanto, soltou uma nota assinada pelo presidente estadual do partido e membro da executiva nacional, Martiniano Cavalcante, refutando essa possibilidade.
“Na condição de presidente do PSOL em Goiás e membro da Executiva Nacional do partido, venho a público rechaçar a insidiosa iniciativa de um grupo de 11 pessoas que publicou uma nota solicitando o afastamento do vereador Elias Vaz da Direção do Psol, e que não reflete a posição dos cerca de 700 filiados ao PSol em Goiânia”, diz a nota, disponível no site do diretório estadual, que ainda informa: “O fato de existirem relações de conhecimento entre Elias e Carlos Cachoeira foi divulgado no início do mês de março pelo próprio Vereador e Dirigente do PSol, no jornal de maior circulação de Goiás, antes de ser explorado por qualquer pessoa”.
Ao GLOBO, o próprio Elias Vaz reconheceu que já falou por telefone e que já se encontrou com Cachoeira, inclusive na chácara dele em Anápolis. Mas disse que nunca atendeu aos interesses do bicheiro. Negou também que Cachoeira já tenha pedido alguma coisa para ele.
— Você tem que entender que o Carlinhos Cachoeira, aqui em Goiânia, ele era uma pessoa que não era clandestino. Era uma pessoa que tinha relações com pessoas do Judiciário, empresários, com a sociedade — afirmou Eliaz Vaz, acrescentando:
— Eu o conhecia, conversava com ele. Inclusive nunca neguei isso. Sempre admiti que eu o conhecia, nunca tive problema com isso. Mas nunca atendi os seus interesses.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), membro da CPMI que investiga as relações de Cachoeira com empresários e políticos, disse que o Conselho de Ética do partido vai apurar a situação do vereador e, caso fique comprovado que Elias se envolveu com Cachoeira, ele será punido. Segundo Randolfe, o partido não hesitará em investigar quem quer que seja na CPI e Elias Vaz está consciente disso.