sábado, 22 de setembro de 2012

"Somos pobres e somos muitos..." (nas ruas de Caracas 1)

Por Jadson Oliveira, do blog Evidentemente
 
De Caracas - "Somos pobres e somos muitos..." discursava uma mulher no meio da multidão que cercou o Palácio Miraflores, sede do governo, para resgatar Hugo Chávez no contra-golpe popular do dia 13 de abril de 2002 (o presidente tinha sido sequestrado dois dias antes pelos golpistas, a direita e o imperialismo festejavam pelo mundo afora a derrubada do "tirano"). Chávez voltando ao Miraflores nos braços do seu povo. Já assisti a este documentário bem uma dezena de vezes desde que aqui estive pela primeira vez em 2008 (de março a maio), peguei inclusive os eventos marcando o sexto aniversário do golpe.


A tal mulher no documentário, com cara e jeito de gente pobre, é sempre uma emoção renovada, toda vez que vejo me bate forte. Há umas duas semanas vi novamente, numa sexta-feira à noite, nas imediações da Praça Simón Bolívar, miolo da capital. Uma pequena aglomeração diante de três televisores (a foto acima), mais uma das inúmeras - muitas vezes simultâneas - promoções da campanha eleitoral pró Chávez (eleição em 7 de outubro), tocadas pelo chamado Comando Carabobo (nome de uma batalha vencida por Bolívar durante a guerra de libertação no início do século 19) e pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e mais de uma dezena de partidos aliados (inclusive o antigo Partido Comunista da Venezuela, PCV, aqui apelidado de "Gallo Rojo" - Galo Vermelho).
Topei com a exibição do documentário a uma quadra e meia, ao deixar outra pequena manifestação, um pouco mais abaixo, junto ao prédio da Assembleia Nacional (equivalente ao nosso Congresso Nacional, com a particularidade de que aqui não há Senado, apenas o que equivale à nossa Câmara dos Deputados, com 165 "diputados": 98 pró Chávez e 67 contra).

São estas duas fotos aí. Era um grupo musical que estava tocando reggae, cantaram músicas revolucionárias, algumas cubanas ("...tu querida presencia, comandante Che Guevara..."). Essa figura aí olhando para o palco e apontando para o boneco de Chávez, estava se mexendo ao ritmo da música (aqui não falta gente "bailando" em tais manifestações), me explicou uns detalhes do reggae, da salsa, do merengue (o mais popular aqui), ou seja, dos ritmos caribenhos, na verdade não entendi quase nada (definitivamente música não é o meu forte, me desculpem amigos baianos como Militão, Paulo Bina, Borega, Araken, Wilson Aragão, Rui Santana...).


Seu nome é Armando Torres, uns 40/50 anos, de profissão carpinteiro, chavista roxo, morador de bairro popular (Paróquia de Sucre, município de Libertador, Caracas), é ligado em música, disse que já esteve em Cuba treinando a percussão, aí aproveitei pra dizer "ah, Cuba é considerada a Meca da percussão", ele concordou mostrando contentamento (quando converso sobre assunto que não entendo bem, aproveito pra mencionar alguma coisinha que li ou ouvi a respeito).


Mas a história do simpático Armando é mais longa: me contou que estuda Comunicação, quinto semestre, na Universidade Bolivariana, inclusive trabalhou num documentário para Catia TV. Catia (pronuncia-se como se tivesse acento no primeiro "a" no nosso português) é outro bairro popular aqui da capital muito populoso, Chávez esteve fazendo comício lá na segunda-feira, dia 17. Trata-se de uma emissora de TV comunitária, de atuação muito reconhecida por aqui, já ouvi algumas referências elogiosas partidas de chavistas.


(Botei o número 1 acima no título, como sendo uma série. Tenho um bocado de fotos de minhas andanças pela cidade, a maioria coisas de política, que terminam sem aproveitamento no blog. Vamos ver).
 
Jadson Oliveira é jornalista baiano e vive viajando pelo Brasil, América Latina e Caribe. Atualmente está em Caracas (Venezuela). Mantém o blog Evidentemente - www.blogdejadson.blogspot.com .

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entrevista com Zé Maria presidente nacional do PSTU: " O PSTU é um partido muito diferente dos demais"


Cleber Rabelo e Zé Maria
Entrevista exclusiva para o Blog Parádebates e Ananindeuadebates com o  presidente nacional do PSTU, Zé Maria, que esteve na terça-feira, dia 18, em Belém, para dar apoio à greve dos trabalhadores da Construção Civil e pedir votos para o candidato a vereador do partido, Cleber Ribeiro.


Ananindeuadebates - Zé Maria, qual o principal motivo de sua vinda a Belém?

Zé Maria - São duas preocupações que me trouxeram aqui a Belém: a primeira foi ajudar os companheiros do Sindicato da Construção Civil, para que nós possamos construir ações para quebrarmos a intransigência dos empresários da construção civil daqui, e garantir o atendimento das exigências dos companheiros. Já é tradicional a intransigência e arrogância da patronal, mas estamos preocupados em assegurar a vitória dos trabalhadores nesta greve, que está em curso neste momento. A outra razão, é buscar reforçar a campanha eleitoral  do Cleber Rabelo a vereador daqui de Belém. Porque na nossa opinião, a luta dos trabalhadores  tem uma dimensão muito importante, que é para melhorar o salário, melhorar as condições de trabalho. Mas esta mesma luta tem sua  dimensão política, nós não vamos conseguir conquistar  melhores condições  de vida sem interferir nas estruturas das instituições onde se decide a política do país. Portanto, eleger o Cleber vereador é uma tarefa tão importante como garantir a vitória dos trabalhadores da construção civil neste momento. Nós estamos desenvolvendo atividades no sentido de fortalecer esta candidatura para que os operários da construção civil possam ter uma representação na Câmara de Belém, e possam ter, assim, sua luta política fortalecida no próximo período.

AD - Zé Maria, vocês sempre estiveram à frente de movimentos, protestos e reivindicações dos trabalhadores e sempre criticaram o Parlamento; vocês não têm um parlamentar no Brasil; hoje é prioridade do PSTU eleger parlamentares? O partido mudou sua linha política e vai priorizar agora a ação parlamentar?
 

Zé Maria - O PSTU é um partido muito diferente dos demais. Ou seja, nós historicamente  tivemos como prioridade, nossa preocupação central é a intervenção nos processos de lutas e organização dos trabalhadores. Por que? Pois nós achamos que é por aí que vamos conseguir as condições para reunir mobilizações sociais e força suficiente para transformar este país, o que é a razão de ser do PSTU. Isso não mudou, isso segue da mesma forma: a nossa prioridade é desenvolver, potencializar, fortalecer  as lutas, as mobilizações e a organização dos trabalhadores. Agora, isso não exclui o esforço que o partido faz para conseguir, em todas as eleições, representantes no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, porque, obviamente, um parlamentar a serviço dessa estratégia de fortalecimento da luta direta dos trabalhadores e da organização é um instrumento que ajuda e que fortalece a construção dos objetivos do partido. Então, o esforço para eleger o Cleber aqui não implica na mudança das prioridades do nosso partido. Trata-se de um esforço para fortalecer essas atividades que o partido desenvolve no seu cotidiano, para que o trabalhador tenha cada vez mais uma organização mais forte e para que ele tenha cada vez mais consciência e disposição para lutar, seja para conquistar suas reivindicações concretas, seja para conquistar este país, para que possamos, enfim, viver em um país socialista, onde não haja mais opressão e exploração.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Heloísa Helena confirma saída do PSOL e união à Marina Silva


Via Correio do Brasil
Ex-senadora e vereadora de Maceió,Heloísa Helena confirmou em entrevista, nesta terça-feira, que realmente pretende deixar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), tão logo a amiga, Marina Silva, conclua os trâmites para fundação de uma outra legenda, também de tendência socialista, mas divergente do qual ela é fundadora e uma das principais lideranças. Heloísa assinalou suas divergências com o comando da sigla.
A saída já havia sido sinalizada na coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini, aqui no Correio do Brasil. Ao colunista, Heloísa Helena afirmou que está apenas esperando a também ex-senadora Marina Silva iniciar o processo pela criação de uma nova legenda. Segundo informou ao colunista, sua saída do partido tem uma motivação:
– As centelhas que o Psol criou foram grandes e todo partido tem malandros.
A saída de Heloísa Helena não pegou de surpresa os dirigentes da legenda, no Rio de Janeiro, foco principal das dissidências entre ela e a direção partidária. Segundo um dos líderes da legenda, que prefere o anonimato para “não apagar o fogo com gasolina”, os espaços da ex-senadora estavam diminuindo na agremiação, na medida em que aumenta o prestígio de outros nomes junto ao eleitorado. A situação se agravou com a descoberta de que um candidato da legenda, no Rio, estava ligado às milícias. Ele fazia campanha para o candidato Marcelo Freixo, que rejeitou qualquer participação na escolha do postulante à Câmara dos Vereadores.

domingo, 9 de setembro de 2012

Imagens turísticas de 15 países

É uma Feira de Turismo que está acontecendo aqui em Caracas com a participação de 15 países. Tirei fotos das fotos turísticas e exibo uma seleção aqui. Começo por Bolívia por causa do comandante Che Guevara: "La ruta del Che": "Tu ejemplo alumbra (ilumina) el nuevo amanecer". Vou postar as de cada país juntas. A maioria tem claramente o nome do país, mas acho que dá para identificar mesmo sem explicitar o nome. A da China, por exemplo, está com aquela "caligrafia" inconfundível. As da Venezuela estão com nomes diferentes: são alguns dos estados. Recomeço com as bandeiras dos países participantes e seguem primeiro as da Venezuela (a última venezuelana é a réplica do carro da Williams, da Fórmula 1, cujo piloto é daqui: Maldonado; a penúltima é uma das estações do belo teleférico no estado de Mérida, região andina), depois as do Brasil e etc.

Isto é o que está lá no meu blog Evidentemente. Destaco uma abaixo para os leitores do Pará Debates: um "turista" baiano em pleno Pelourinho-Salvador-Bahia-Brasil:
(Para ver a seleção completa no Evidentemente)
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Venezuela com Chávez: "O desafio é organizar o poder popular para derrotar os planos da burguesia apátrida"

Aureliano Sánchez (camiseta negra), com delegados de prevenção do trabalho na passeata do início deste ano quando eles se incorporaram ao Polo Patriótico, agrupamento de organizações bolivarianas (Foto: Arquivo do entrevistado)
Entrevista do professor venezuelano Aureliano Sánchez: “Reflexões sobre uma conversação com Jadson Oliveira, jornalista brasileiro”
 
Por Jadson Oliveira, do blog Evidentemente
 
De Caracas (Venezuela) - Aureliano Sánchez, 56 anos, professor de Ciências Sociais, é um lutador social pela revolução socialista. Militante político desde seus tempos do movimento estudantil nos anos 70. Como trabalhador do Setor Elétrico Venezuelano (eletricitário), tem uma rica experiência de militância na luta contra o neoliberalismo através das Comissões de Prevenção Trabalhista (semelhante às nossas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA). Foi diretor no âmbito do estado de Miranda do Instituto Nacional de Prevenção, Saúde e Seguridade Trabalhistas, órgão vinculado ao Ministério do Poder Popular para o Trabalho e Seguridade Social. É filiado ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o principal partido de sustentação do governo do presidente Hugo Chávez.
 
Nesta entrevista ao blog Evidentemente, Sánchez fala um pouco das mudanças ocorridas no seu país nos últimos 50 anos – desde a chamada 4ª. República (1958-1998) até os primeiros anos da chamada Revolução Bolivariana -, e assinala a importância da reeleição de Chávez no pleito de 7 de outubro, que significa, segundo sua avaliação, um avanço no rumo da consolidação da soberania nacional e da construção do poder popular e do socialismo.
 
Ele destaca como fundamental a luta contra a burocracia do Estado burguês e a luta pela organização dos Delegados de Prevenção e pelos Conselhos de Trabalhadores e as Comunas. Em resumo: “Pela organização do poder popular, que eu visualizo na formação dos Conselhos de Trabalhadores em cada fábrica, em cada centro de trabalho, em cada Conselho Comunal, enfim na unidade cívico-militar para dar uma resposta correta e contundente aos planos da burguesia apátrida”.
 
(Para ler a entrevista no Evidentemente)