Artigo de João Cláudio
Está em dois pontos:
I.
No método das decisões públicas e seus resultados de
baixa qualidade.
II.
Na injusta relação de poder estabelecida na
sociedade que subordina a cidadania ao poder econômico.
Diante do “Movimento dos Indignados” que com
pluralidade e autonomia tem levado às ruas do país milhões de brasileiros, e de
tudo o que significam é preciso que avancemos efetivamente na construção de novas
referências políticas e econômicas para a gestão pública e a sociedade
brasileira.
Nesta quinta(20.06), fui testemunha privilegiada do
diálogo entre representantes dos “indignados” e o prefeito de Macapá, Clécio
Luis. E, pude entender bem melhor do que se trata, a partir do que proponho o
que segue. Mas antes, registro aqui o alto nível do diálogo que presenciei, de
ambas as partes.
Com relação ao primeiro ponto, não há o que
tergiversar, se trata da Reforma Política.
E a primeira conclusão necessária é a de que a
reforma que é preciso não há como ser obra dos políticos, estes são produto
cultural de uma sociedade orientada pelas referências que agora estamos
questionando.
Quer seja a corrupção, quer seja a não participação
da sociedade no espaço público que tolhe o, democrático e necessário, exercício
do Controle Social sobre o Estado, estão enraizadas na cultura política da
Sociedade que vem se reeducando para a democracia, a pluralidade, a tolerância
e a igualdade de direitos.
Contudo, de fato, ao mesmo tempo em que nos
reeducamos enquanto Sociedade, desvalorizando o esperto, o que fura a fila, o
que cola na prova, o que paga propina etc, é preciso institucionalizar novas
regras para um novo jogo democrático.
Neste contexto, proponho a reflexão das seguintes
propostas para a Reforma Política:
1) Fortalecer
as ações que apresentam a Reforma Política como Lei de Iniciativa Popular no
Congresso.
2)
Promover Audiências Públicas Independentes que promova
o debate de que Sistema Político que queremos, por rua, por bairro, por escola
etc.
3)
Estabelecer mecanismos de Controle Social sobre as
decisões e suas implementações, organizando Processos Decisórios Participativos,
principalmente sobre PPA, LDO e LOA´s. E, Grupos Abertos de Controle Social
sobre Obras e Serviços.
4)
Maximizar a transparência sobre decisões e
implementações(orçamento e execução) com a utilização de portal, redes sociais
e SMS que chegue a todos os indivíduos através de aplicativos que tenham
download livre e já venham em todos os computadores e celulares.
5)
Instituir Grupos Abertos de Controle Social sobre
Mandatos Públicos sejam do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. Cada
cidadão com direito de acompanhar um mandato.
6) Instituir o
Direito de Desvotar. Ao longo do mandato, o eleitor poderá retirar o
voto dado, a qualquer momento, por mecanismo eletrônico criptogravado com senha
sob posse do eleitor. Senha gerada no ato do voto, cada eleitor só poderá
desvotar no mandatário que tenha votado. Caso o número de votos retirados de um
parlamentar, por exemplo, o deixe com menos votos que seu suplente, será
automaticamente substituído por ele.
Com relação ao segundo ponto, sobre as Relações
de Poder que se propagam microscopicamente na Sociedade, tanto na relação
do indivíduo com instituições e empresas, quanto entre os indivíduos, a fala da
presidenta Dilma apresentou uma síntese interessante, disse ela “os
interesses da cidadania devem estar acima dos interesses do poder econômico”.
Questão que nos remete, mais uma vez à nossa
reeducação como Sociedade. Nos propondo que repensemos o nosso papel na
economia, que tenhamos consciência, quer como empreendedor, quer como
consumidor – que todos e todas somos.
Fico imaginando, por exemplo, se o Movimento dos
Indignados propusesse um mês sem comprarmos em shoppings e supermercados,
apenas em feiras, mercearias, costureiras e demais empreendimentos populares.
Fico imaginando outras possibilidades, que só
dependem de nós mesmos, como:
1) Adotar uma
prática de consumo principalmente dirigida aos empreendimentos populares e
organizados em cooperação horizontal, promovendo, nós mesmos, a necessária
distribuição de renda que o país precisa para ser justo.
2)
Organizar grupos e cooperativas de consumo
para auferir ganhos de preço, em escala, e qualidade social dos produtos para
que não financiemos, com nosso consumo, o trabalho infantil, uso de
agrotóxicos, exploração dos trabalhadores etc.
3)
Promover uma reforma financeira, fazendo valer a Lei
da Usura(cobrar no máximo 1% ao mês de juros sobre empréstimos) que se aplica
ao cidadão comum sob pena de ser enquadrado como agiota, também sobre os bancos
e demais instituições do Sistema Financeiro Nacional.
4)
Regulamentar o preceito constitucional do Imposto
sobre grandes fortunas
5)
Promover a diferenciação das alíquotas de imposto de
renda para que o sistema tributário brasileiro seja progressivo, ou seja, justo
– paga mais quem ganha mais.
6) Incentivar,
com a universalização de assistência técnica e financiamento com juros
negativos, as estruturas produtivas em solidariedade horizontal,
comprovadamente que praticam os princípios cooperativistas de Rochdale.
Ao debate.
Grato
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