(Foto: Divulgação)
Gaby
Amarantos é uma cantora em ascensão. Nos últimos dois anos a paraense
passou de queridinha de alguns antenados atraídos pela exótica premissa
de música eletrônica da Amazônia do tecnobrega para se tornar um nome
cada vez mais consolidado nacionalmente estrelando trilhas de novelas
como “Cheias de Charme” e “Salve Jorge”.
Um pouco do início dessa história pode
ser vista no DVD “Gaby Live in Jurunas”, parceria entre as produtoras
Petites Planétes (França) e Greenvision (Brasil). O show, gravado em
2011, pode ser encarado como uma espécie de embrião do que viria ser o
primeiro álbum solo da artista, “Treme”, lançado um ano depois. A
apresentação é, literalmente, uma volta às origens. O palco foi montado
na rua em que ela cresceu, bem em frente à casa da mãe, no bairro do
Jurunas, periferia de Belém.
“Foi a prova de fogo do CD, que ainda
estávamos planejando. Pensei: ‘Se curtirem o show no Jurunas, no lugar
que nasci e me criei, vão curtir em qualquer lugar’”, vaticina Gaby
Amarantos. O DVD será lançado hoje no Jurunas, com uma exibição ao ar
livre no mesmo local onde ocorreu o show.
Não que ela fosse uma iniciante na
época. Gaby começou a cantar em um coro de igreja, ainda adolescente.
Virou fenômeno regional ao assumir os vocais da banda Tecnoshow, com a
qual se apresentou por dez anos. O repertório apesar de enxuto - conta
apenas com 33 minutos de duração e cinco músicas - reflete sua
trajetória reunindo uma sequência de hits como “Faz o T”, “Beba Doida” e
“Galera da Laje”.
Se a reação do público servia como
termômetro, ela não deve ter saído decepcionada. A gravação reúne
inúmeros momentos em que fãs extrapolam na empolgação, como quando o
garoto que se identifica com o nome de guerra Tiffany Wilson sobe ao
palco para dançar o treme ao embalo de “Merengue Latino”. Ou quando os
integrantes de um bloco de Carnaval de passagem pelo local se unem à
audiência.
“Aquele dia foi um caos. Lembro da
sala tomada por cabos e equipamentos. Era tanta coisa que só a minha
casa não deu conta. Tivemos que usar a casa da minha vó, dos meus
vizinhos. A comunidade inteira veio ajudar. Um fez uma feijoada, o
açougueiro da esquina emprestou um toldo na hora da chuva”, conta.
O show também é o começo das parcerias com Felix Robatto e Priscilla Brasil, que se mostraram cruciais para a futura carreira
da cantora. Recém saído do grupo de guitarrada La Pupuña, o guitarrista
paraense foi um dos grandes responsáveis por moldar a sonoridade de
“Treme”, assinando
ao lado de Carlos Miranda a produção musical do disco. Já a codiretora
do “Live in Jurunas” é a mesma do clipe “Xirley”, que conquistou os
prêmios de Melhor Artista Feminino e Artista do Ano no Video Music Brasil 2012, da MTV.
A solução foi improvisar
“A ideia de gravar um show nesse
formato já existia, mas só começou a ganhar forma com a chegada do
codiretor Vicente Moon. Era a primeira visita dele a Belém, à procura de
artistas para gravar um documentário. Quando conheceu a Gaby, visitou a
casa dela, ele pirou, queria gravar naquela mesma semana. Nos convenceu
a fazer algo que vínhamos adiando por anos por causa da logística
envolvida”, revela Priscilla Brasil, proprietária da Greenvison e empresária de Gaby.
Conhecido pelas “Take away sessions”, o
francês Mathieu Saura, mais conhecido como Vincent Moon, já dirigiu
clipes de bandas como Bloc Party, The Kooks, The Shins, Animal
Collective, Vampire Weekend, Arcade Fire e R.E.M. No Brasil, ele desviou
um pouco do seu foco do rock e apontou para a etnografia, registrando o
Carnaval, rodas de capoeira, terreiros de umbanda. Na passagem pela
capital paraense, gravou com a carimbozeira Dona Onete durante um culto
de tambor de mina e com violonista Sebastião Tapajós no meio da mata do
Utinga.
“O meu estilo e o dele combinam. Nós
queremos fazer as coisas, sem medo de correr riscos. No dia da gravação
do DVD caiu uma chuva torrencial. Ficou assim por horas, já pensávamos
em gravar dentro da casa. Estava prestes a chorar de desespero. Alguns
minutos antes de dar a hora programada pro show, parou de chover”,
afirma Priscilla.
Quando o universo parecia conspirar
contra os planos dos diretores, eles improvisavam. O palco foi montado
em um quadrado minúsculo de 60 centímetros. A iluminação foi conseguida
às custas de longos fios da extensão conectadas em quase todas as casas
ao redor. Até o lançamento do “Gaby Live in Jurunas” parecia estar dando
zica. O DVD ficou sendo adiado devido ao estouro da carreira da
cantora, que passou a priorizar a divulgação do CD e shows.
“Tudo que poderia dar errado, deu
errado. Mas parece que isso encheu a gente de gana, sabe? Lembro que uma
hora começou a cair uma tempestade de novo e veio esse grupo de
travestis, carregando guarda-chuvas pra proteger o pessoal da banda.
Esse DVD marca um momento muito especial pra mim. Eu olho pra trás e
vejo o tanto que eu conquistei agora. O mais bacana é que eu ainda me
sinto parte daquele lugar, conheço todas aquelas pessoas”, analisa Gaby,
que como boa anfitriã já está se preparando para receber todo mundo em
casa de novo. “Dessa vez não vai ter ‘uruca’”, garante.
NÃO PERCA
A sessão de lançamento do DVD “Gaby
Live in Jurunas” será hoje, às 19h, na rua Nova Segunda, 122, entre
Roberto Camelier e Onorio Pena, Jurunas. Entrada franca.
(Diário do Pará)
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