quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nova decisão judicial aumenta para quatro o número de faculdades suspensas no Pará

No total, MPF já atua em 17 casos de faculdades irregulares ou com suspeitas de irregularidades no Estado
A Justiça Federal no Pará determinou a suspensão das atividades do Instituto de Educação Superior e Serviço Social do Brasil (Iessb). A decisão foi comunicada esta semana ao Ministério Público Federal (MPF), que processou a faculdade por promover cursos de graduação sem estar credenciada no Ministério da Educação. É a quarta faculdade suspensa no Estado pelo mesmo motivo.
Além do Iessb, a Justiça já determinou a suspensão das aulas e das propagandas sobre cursos de nível superior promovidos pela Faculdade de Educação Tecnológica do Pará (Facete) e pela Faculdade de Educação Superior do Pará (Faespa). Outra instituição que teve as atividades interrompidas foi a Faculdade Teológica do Pará (Fatep), por meio de acordo assinado este ano com o MPF.
Com base em denúncias de alunos, o MPF também está atuando em mais 13 casos de faculdades  irregulares ou com suspeitas de irregularidades (confira aqui os detalhes).  A maioria delas já recebeu recomendação do Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Alan Rogério Mansur Silva, para interromper as atividades caso não possam comprovar que estão autorizadas pelo MEC a promover cursos de nível superior.
Osead – Na mesma decisão que obriga o Iessb a suspender as atividades irregulares, a juíza federal Isaura Cristina de Oliveira Leite proibiu que a Organização Social Evangélica da Assembleia de Deus (Osead) faça qualquer tipo de convênio com instituições não credenciadas pelo MEC com o objetivo de intermediar a diplomação de alunos dessas instituições.
De acordo com informações encaminhadas pelo MPF à Justiça, a Osead, que tinha convênio com o Iessb, responde a processo de descredenciamento no MEC por emitir diplomas de maneira irregular a diversas instituições no Pará, Piauí e Maranhão.
Caso o Iessb e a Osead descumpram a decisão, ficam sujeitos a multa de R$ 2 mil relativa a cada ato de descumprimento, determina a decisão.
Cooperação – Para realizar processos seletivos que avaliem a possibilidade de os alunos reaproveitarem em faculdades regularizadas os estudos que fizeram nas faculdades ilegais, algumas instituições estão se organizando.
As Faculdades Integradas Ipiranga e a Universidade da Amazônia (Unama), que são credenciadas no MEC, assinaram termo de cooperação técnica com a União de Ensino Superior do Pará e com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Pará.
A avaliação será realizada por meio de provas oral e escrita. Veja a íntegra do termo de cooperação aqui. “É importante frisar que os estudos serão aproveitados apenas com a aprovação do candidato nos exames e estritamente de acordo com o desempenho que cada candidato obtiver”, ressalta o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão.


Por Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação

segunda-feira, 23 de abril de 2012

S.O.S Pará: A mineradora Vale, insatisfeita com Jatene, está ameaçando acabar com o Instituto Tecnológico Vale. Uma conquista do governo popular do PT

Artigo de Vicente Cidade
Acabo de receber a informação de que o Pará pode estar perdendo os investimentos da mineradora Vale no Instituto Tecnológico Vale - ITV, o que seria uma perda irreparável para o estado.

Segundo me foi confidenciado, por gente gabaritada, a motivação da Vale seria o seu descontentamento com o governador Jatene, fruto da imposição da tal taxa sobre a atividade mineral recém criada pelo governo e que atingirá fortemente a empresa. Ainda segundo essa fonte, a Vale estaria prestes a aprovar em seu Conselho de Administração a referida paralisação desses investimentos.

É lamentável que fatos como estes estejam ocorrendo, pois o ITV, se instalado, contará com cerca de 300 profissionais do seu quadro próprio e visitantes, entre os quais pesquisadores e professores brasileiros e estrangeiros doutores e pós-doutores. Serão investidos cerca de R$ 162 milhões na construção do centro.

Como se pode notar, trata-se não só de uma perda de investimento, mas, principalmente de uma oportunidade ímpar de trazer para Belém uma importante instituição de pesquisa, geradora de Ciência, Tecnologia e Inovação, como afirma o diretor-presidente do ITV, Dr. Luiz Mello: 

“O ITV de Belém será um centro de excelência, com referência internacional, que vai projetar a imagem de Belém como um grande pólo de ciência e tecnologia brasileiro”

Ademais, o projeto do ITV de Belém é assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ganhador, em 2006, do Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial. Totalmente sustentável, prevendo reuso de água e redução do consumo de energia, o projeto buscou reproduzir as construções ribeirinhas, típicas da Amazônia brasileira.
Faço esse alerta para chamar a atenção da bancada do PT na Câmara Federal e na ALEPA, pois, esse ITV é mais um dos grandes legados deixados pelo governo do PT no Pará, já que foi a ex governadora Ana Júlia a grande responsável pela sua vinda, através dos investimentos feitos na construção do Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, que tem sido responsável pela implantação em Belém de várias instituições de pesquisa no estado, dentre as quais o próprio ITV.
Contudo, dada a grande incapacidade do governo Jatene em negociar com a Vale, já que, ao que parece, toda relação entre o governo do Pará e a Vale é cercada de interesses obscuros, fica aqui o apelo para que alguém possa intervir a favor do Pará nesse imbróglio e consiga remediar essa decisão da Vale.
O Pará não merece mais esse golpe, fruto da estupidez de agentes públicos e privados que não tem compromisso com o desenvolvimento do estado e sim com seus próprios interesses. Lamentável !!   

Abaixo, republico dois artigos sobre o ITV, para que todos possam dimensionar o importância dessa postagem.

Palafita da tecnologia segue o ritmo das águas
16/02/2012 | Notícia | Revista Projeto Design - Fevereiro de 2012


Organização sem fins lucrativos constituída pela Vale, a maior empresa privada da América Latina, o Instituto Tecnológico Vale (ITV) terá sua base paraense implantada a partir de projeto de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (FAU/Mackenzie, 1954) em conjunto com o escritório Piratininga Arquitetos. Suspensa sobre o rio Guamá, a edificação está sendo construída no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, próximo da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Em 2009, ao criar o ITV, a Vale informou que o instituto deveria tornar-se polo gerador e difusor de conhecimento tecnológico. Em meados do ano passado, o plano da empresa era implantar três desses centros, em Minas Gerais (dedicado A mineração), São Paulo (orientado para energia) e Pará (voltado ao desenvolvimento sustentável). Até 2013, segundo a mineradora, seriam investidos 500 milhões de reais nas unidades. No pólo de Belém, cuja licença ambiental para a construção foi concedida em novembro de 2011, devem trabalhar até 400 pessoas, cerca de 50 delas pesquisadores com doutorado e pós-doutorado.

O projeto na capital paraense incorpora técnicas associadas à sustentabilidade, como, por exemplo, o reúso de água e a redução do consumo de energia.

Um de seus aspectos mais significativos, porém, resulta da percepção que os autores tiveram do movimento das águas do rio Guamá, a margem do qual o ITV se situa. As construções ribeirinhas do tipo palafita indicaram aos arquitetos a melhor forma de implantar o conjunto - a assessoria de comunicação da Vaie, Mendes da Rocha observou que o projeto submete-se ao fenômeno das águas que sobem e invadem áreas de floresta.

A edificação foi concebida com componentes metálicos. "As estruturas de aço ficarão suspensas, numa construção a seco, e poderão ser transportadas pela estrada já em peças claramente configuradas, industrializadas, sem necessidade de técnicas tradicionais de edificação, envolvendo o consumo de água, pedra e cimento", discorreu a arquiteto. O corpo da edificação ficara elevado sobre o Guamá, interferindo minimamente no meio ambiente local, em reconhecimento ao regime hídrico. "Com essa implantação, todo o recinto se transformará em um peculiar museu de preservação ambiental", previu Mendes da Rocha. 



O arquiteto compara a solução estrutural a um convés de navio que, em vez de flutuar na água, fica suspenso no ar. Além do bloco reservado a pesquisas e estudos - "um edifício longilíneo, com eixo na direção norte-sul", descreve o arquiteto José Arménio de Brito Cruz (FAU/USP, 1984), responsável pelo projeto no escritório Piratininga, do qual é um dos sócios o ITV contará com um prédio de estacionamento, cujos andares mais elevados serão reservados para instalações administrativas da mineradora. A premissa dos autores foi que a construção tocasse o solo o mínimo possível: são 14 pares de pilares dispostos a cada 20 metros; de lado a lado o vão é de 30 metros, com balanços de dez metros.

Os autores previram um andar técnico para receber as instalações que chegam as áreas de ensino e pesquisa por shafts verticais. A previsão da Vale é inaugurar o ITV em 2014.


Ficha técnica
Instituto Tecnológico Vale para o Desenvolvimento Sustentável
Local: Belém, PA.
Data do início do projeto: 2009
Área do terreno: 140.000 m²
Área construída: 40.000 m²
Arquitetura: Paulo Mendes da Rocha
Desenvolvimento: Piratininga Arquitetos Associados - José Armênio de Brito Cruz (responsável pelo projeto); Fabiana Stuchi (coordenação); Antonia Moscoso, Bruno Salvador, Júlia Gouvea e Marlon Longo (equipe)
Estrutura de concreto, aço, fundações, climatização, instalações eletroeletrônicas, hidráulicas e processos: Progen.
Gerenciamento de projetos: Vale
Orçamento: Nova Engenharia e Progen.

Reportagem: Adilson Melendez


Conheça mais sobre o ITV

16/5/2011

Vale e Governo do Pará lançam pedra fundamental do ITV de Belém


A Vale e o Governo do Pará lançam hoje a pedra fundamental do
Instituto Tecnológico Vale (ITV) de Belém, que será dedicado a pesquisas de médio e longo prazo na área de desenvolvimento sustentável. O centro contará com cerca de 300 profissionais do seu quadro próprio e visitantes, entre os quais pesquisadores e professores brasileiros e estrangeiros doutores e pós-doutores. Serão investidos cerca de R$ 162 milhões na construção do centro.

O instituto, cuja inauguração está prevista para 2013, vai ocupar uma área de 140 mil metros quadrados do Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá. Em outubro, o ITV estará instalado provisoriamente em um prédio, de 2,1 mil metros quadrados, também na capital paraense.

A unidade de Belém é uma das duas que o ITV está construindo no Brasil. A outra ficará em Ouro Preto (MG) e será dedicada à mineração.

“O ITV de Belém será um centro de excelência, com referência internacional, que vai projetar a imagem de Belém como um grande pólo de ciência e tecnologia brasileiro”, afirma o diretor-presidente do ITV, Luiz Mello.

O diretor do ITV paraense é o professor Luiz Carlos Silveira, médico formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), doutor em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado em Neurociência na Universidade de Oxford. Silveira é professor associado da UFPA, onde fundou o Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular e dirigiu o Núcleo de Medicina Tropical. Tem atuação intensa na comunidade de Ciência e Tecnologia, como membro do Comitê Assessor do CNPq e do Grupo Assessor da Diretoria de Cooperação Internacional da CAPES. “Luiz Carlos é um dos exemplos dos objetivos do ITV, que é investir nos talentos locais, paralelamente à outra estratégia, que é a de trazer pesquisadores brasileiros radicados no exterior e atrair para o país talentos internacionais”, completa Mello.

O projeto do ITV de Belém é assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ganhador, em 2006, do Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial. Totalmente sustentável, prevendo reuso de água e redução do consumo de energia, o projeto buscou reproduzir as construções ribeirinhas, típicas da Amazônia brasileira.

“Todo o projeto foi submetido ao importante fenômeno das águas que sobem e invadem áreas de floresta às margens do rio. As estruturas de aço ficarão suspensas, numa construção “a seco”, e poderão ser transportadas pela estrada já em peças claramente configuradas, industrializadas, sem necessidade de técnicas tradicionais de edificação, envolvendo o consumo de água, pedra e cimento. Suspenso sobre o Rio Guamá, o centro vai interferir minimamente no meio ambiente local, respeitando o regime das águas. Com esta implantação, todo o recinto se transformará em um peculiar museu de preservação ambiental”, explica o arquiteto.

ITV

O Instituto Tecnológico Vale é uma instituição sem fins lucrativos, concebido pela Vale. Sua missão é criar opções de futuro por meio de pesquisa científica e desenvolvimento de tecnologias de forma a expandir o conhecimento e a fronteira dos negócios da Vale de maneira sustentável.

Com a iniciativa, a Vale pretende ampliar a produção de pesquisas científicas e o desenvolvimento econômico de base tecnológica no país, além de gerar e difundir novos conhecimentos para o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e para a cadeia da mineração no Brasil.

Desde que foi lançado, em 2009, até agora o ITV já distribuiu mais de 100 bolsas de mestrado e doutorado. Recentemente, o Instituto fechou um convênio com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para oferecer bolsas de pós-graduação a moçambicanos em universidades brasileiras, além de convênios com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e com a EPFL (École Polytechnique Fédérale de Lausanne), da Suíça.

Outra ação inédita foi a parceria com as Fundações de Amparo a Pesquisa dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Pará, no valor de R$ 120 milhões, para fomento de projetos de pesquisa científica e tecnológica nas áreas de mineração, energia, ecoeficiência e biodiversidade e processos ferrosos para siderurgia. É a maior parceria do setor privado com órgãos públicos de fomento do país.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Artigo de Vera Paoloni:Os bancos privados chiaram, mas começaram a baixar os juros

Vera Paoloni
Os bancos privados chiaram, mas ontem começaram a baixar os juros, confirmando que o Estado precisa regular o mercado e cada vez mais. Valeu, presidenta Dilma!
Agora, BB e Caixa precisam agilizar a contratação urgente de mais bancários, pois com a queda de juros agências tão mais lotadas que nunca. E os bancos privados (Itaú, Bradesco, HSBC ) precisam contratar bancários urgentemente, pois o lucro é imenso e o emprego é bem pouco nesse pedaço do setor financeiro.
A regulagem do governo federal precisa ser maior, para que a concessão de crédito não seja apenas para consumo, mas para a produção, viu Banpará, BB, Caixa, BNB, Banco da Amazônia e todos os bancos privados, como Itaú, Bradesco, HSBC?
É só assim que bancos darão alguma contrapartida à sociedade pela concessão pública que recebem para funcionar no país e em cada município brasileiro".
A queda dos juros, como diz o Nassif (artigo mais ao final) é a "maior mudança no ambiente econômico brasileiro desde que o Plano Real acabou com a inflação, mas deixou como herança as maiores taxas de juros do planeta e uma dívida que paralisou o crescimento público por 15 anos". 
Mais sobre spread, taxas de juros, as propostas do movimento sindical e o que muda em nossas vidas, clique aqui e leia toda matéria:

Bancos privados chiaram muito, mas começaram a baixar os juros. Agora, precisa contratar mais gente. E logo!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Jarbas Vasconcelos retorna à OAB e diz que déficit do interventor Busato é o dobro do seu

Por Marcus Moraes do blog do blog Didascália

Jarbas Vasconcelos com o deputado Edmilson e Marinor
O presidente eleito da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos e toda a sua diretoria retornam à direção da entidade depois de seis meses de afastamento. Jarbas voltou depois de reunião ontem na sede da entidade, em Brasília,  quando o colegiado decidiu que não há mais razões para manter afastados os diretores eleitos pela categoria de advogados do Pará. Foram 16 votos a favor e somente quatro contra, em uma reunião que demorou quase cinco horas de discussão, e no final o interventor da OAB-PA. Roberto Busato (OAB-PR)  e o relator do caso, o conselheiro Pedro Henrique Reynaldo Alves (OAB-PE) defenderam o  restabelecimento da normalidade administrativa e política da seccional da OAB-PA, dando fim ao período de interdição.
O imbróglio que afastou Jarbas Vasconcelos da presidência da OAB-PA, supostas irregularidades na venda de um tereno da subseção em Altamira, já foi resolvido e o presidente, de cabeça erguida, diz que retorna ao comando da entidade com tranquilidade para dialogar com seus companheiros e até com os adversários que arquitetaram seu afastamento.
O interventor  Roberto Busato fez algumas críticas à gestão de Jarbas Vasconcelos. Porém, o presidente que retorna à entidade dos advogados paraenses, mesmo sem conhecer o relatório do interventor, disse na tribuna:  "eu conheço a gestão que eu fiz. No últimos anos o único ano que não deu prejuízo foi o de 2010, pois Relatório da auditoria feito por este Conselho Federal, no princípio de 2010, início de meu mandato, dizia que nós terminaríamos o ano com um déficit de 3 milhões. Só que nós terminamos o ano com dinheiro em caixa, em torno de 172 mil reais". Sobre o déficit de 2011, em torno de 250 mil, que Busatao mostra em seu relatório, Jarbas reconhece, mas, na bucha, lembra que em apenas dois meses que esteve como interventor no ano passado, novembro e dezembro, Roberto  Busato teve um déficit de 500 mil. E contemporiza: "o déficit dele foi o dobro do meu".

quinta-feira, 12 de abril de 2012

POVO NA RUA, LEVANTE DA JUVENTUDE E CASO DEMÓSTENES


Por Jadson Oliveira, do blog Evidentemente, de 11/04/2012
De Salvador (Bahia) - Me impressiono com a falta de ocupação ou preocupação de políticos/militantes/estudiosos de esquerda com o tema mobilização popular, ir às ruas. Não seria esse fator imprescindível para se andar no rumo de mudanças na estrutura de poder em favor do povo, das maiores, dos injustiçados socialmente? Ou se, no Brasil, estamos no chamado descenso das massas, então não é bom ficar matracando isso todo dia?
João Pedro Stédile, o líder mais destacado do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), certamente não está entre os referidos acima. Volta e meia, o combativo Stédile está a chamar a atenção para a necessidade de mobilização dos trabalhadores, dos camponeses, da juventude.
Gosto de recordar que numa entrevista à revista Carta Capital, durante o primeiro mandato do presidente Lula, ele previu um ascenso de massas lá para meados do mandato presidencial seguinte, fosse Lula ou não reeleito. Não era bem uma previsão, o próprio Stédile reconhecia, era mais um “chute”, pode-se entender mais como um “pensamento desejoso”. Bem, o desejado ascenso não veio. Passou todo o segundo quatriênio de Lula e já estamos no segundo ano de Dilma. E nada.
Esta semana o líder do MST voltou a tocar no assunto em entrevista à TV Record (parte dela está no vídeo acima). Além de outros temas, fala da crise de representatividade – “os parlamentares e os políticos não representam mais a sociedade” -, fala do financiamento privado das campanhas eleitorais – “quem dirige os parlamentares são as empresas que financiaram a campanha” -, e defende, claro, uma reforma política.
E bate, a meu ver, no essencial: estamos num descenso do movimento de massas, o último ascenso se deu entre 1979 e 1990, a última greve geral foi em 1988. Estamos assim: o povo abriu mão da participação política, prefere assistir na televisão: “Vamos ver o que aconteceu na política” e se senta diante da TV. E vai continuar assim, diz Stédile, “enquanto não houver um reascenso do movimento de massas, para que as massas se transformem em atores da vida política”.
Alguém mais cuidadoso pode ressalvar que a mobilização popular não é tudo, não é panaceia, é preciso estar atento também à organização política. Está certo, certíssimo. Mas não esquecer que o povo nas ruas é fundamental para que as coisas comecem a mudar.
Um exemplo recente: quem vai negar que a queda-de-braço com os saudosistas da ditadura (os militares de pijama), tendo como pano de fundo a Comissão Nacional da Verdade, já apresenta uma feição mais favorável a partir da entrada em cena do Levante Popular da Juventude? E olhe que, em termos quantitativos, é (ainda?) uma mobilização minúscula: manifestações de apenas 100, 300, 500 pessoas.
“Stédile e o caso Demóstenes”
O vídeo foi postado no site da Record e no YouTube com título “Stédile e o caso Demóstenes”. É que a desgraceira do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-Goiás) continua dominando as pautas da mídia. Óbvio, com as conveniências de praxe: as quatro principais revistas semanais, por exemplo, são casos exemplares que devem estar sendo material riquíssimo nas faculdades de Jornalismo.
A Veja, que, tudo indica, está atolada na lama do caso Demóstenes/Carlinhos Cachoeira (apesar da blindagem da velha mídia), deu capa na semana passada com os mistérios do Santo Sudário e uma chamadinha sobre o tormentoso caso. Nesta semana, nada. A capa atacou de “revolução digital”, nem sequer uma chamadinha.
A IstoÉ e Época, esta semana, deram uma chamadinha, e preferiram dedicar suas capas também a assuntos “frios”, como se diz no jargão das redações. Somente a Carta Capital, uma revista realmente atrelada ao bom jornalismo, que teve a edição da semana “sumida” das bancas em Goiás, surfou lindamente na pauta do momento: “Abre o olho, Perillo” (referência ao governador goiano Marconi Perillo, do PSDB).
(Quem escreveu esta semana artigos interessantes sobre o caso Demóstenes/Cachoeira/mídia foi o jornalista Emiliano José, deputado federal pelo PT-Bahia. Faço link aqui para um deles, no Vi o Mundo: “O partido mídia e o crime organizado”).
Jadson Oliveira é jornalista baiano aposentado e vive viajando pelo Brasil, América Latina e Caribe. Atualmente está em Salvador. Mantém o blog Evidentemente - http://www.blogdejadson.blogspot.com/ .

terça-feira, 10 de abril de 2012

Um exemplo amazônico: jovens no Pará usam a cultura como forma de ação política

Deu no Portal Carta Maior

 

Belém – 31 de março, sábado. Tempo de chuva no Pará. As águas deram uma trégua. Ainda não fechou o verão. O sol ilumina a Praça Lauro Leite, a única do bairro da Guanabara, município de Ananindeua, região metropolitana de Belém. Trata-se de um território marcado pela violência. O município integra o quadro de cidades mais violentas para a juventude no país. Nela são mortos 199 jovens em cada 100 mil, indica relatório sobre o assunto organizado pelo Ministério da Justiça e o Instituto Sangari em 2011.

Apesar de contribuir de forma decisiva para a saúde do superávit primário do país, por conta do extrativismo mineral, o Pará é um colecionador de índices sociais negativos. No assunto violência ocupa o topo da pirâmide. No caso de homicídios, o estado é o terceiro lugar no ranking nacional. O crescimento foi de 273% em 10 anos (1998 a 2008). Na região Metropolitana de Belém, esse índice atingiu 189,3% em 10 anos. Ficando atrás apenas de Salvador e Curitiba.

Ananindeua nasceu em dezembro de 1943, a partir da Lei Estadual nº 4.505. O nome da cidade é de matriz tupi. Faz referência a uma árvore, Anani, que produz uma resina usada para lacrar fendas de embarcações. Pela segunda vez Helder Barbalho administra a cidade. Trata-se do herdeiro político do cacique Jader. O município é o segundo do Estado em população. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 indicam que a população é de 471.980 mil habitantes. O comércio e a prestação de serviços dinamizam a economia. Assim como Belém, a cidade experimenta uma verticalização e padece de um trânsito caótico.

Algumas ruas separam a Praça da Guanabara da BR 316. A rodovia serpenteia a região Metropolitana de Belém. Os indicadores de acidentes com morte são alarmantes, o que alçou a rodovia a local de destaque nacional como uma das mais críticas. Parte do Parque do Utinga, responsável pelo abastecimento de água de Belém fica próximo à praça. O local tem sido usado para desova de cadáveres, informa dona Mercês Bernaldo, 58, moradora do bairro. Ela reclama que a violência tem crescido muito. E que o poder público não confere a devida atenção ao lugar, que tem se transformado em um lixão.

Cultura para a cidadania
No último dia do mês de março, data do golpe militar que estabeleceu a ditadura no país, a praça foi ocupada por vários coletivos que militam na área da cultura, para a realização do 3º Mutirão Cultural. O objetivo do evento é afirmar uma identidade de matriz africana, e provocar a reflexão sobre cidadania. Cospe Tinta, Casa Preta, Traumas Vídeos estão entre os animadores. Oficinas de grafite, cultura hip hop, literatura marginal, trançado de cabelo afro e comunicação são alguns eixos do trabalho. No item comunicação a turma colabora com programas em rádios comunitárias e ciberativismo com a produção de blogs e outros conteúdos.

O universo marginalizado é o mais recorrente quando a pauta dos jornais lança luzes sobre as realidades que conformam as periferias da metrópole Belém. No entanto, de forma silenciosa, jovens organizados em vários coletivos do campo da cultura pop mobilizam esforços em realizar ações nas baixadas da capital do estado e região Metropolitana. Baixada é como é nomeada a periferia aqui. Nestes tempos de intensa chuva parte fica submersa.

O bairro da Guanabara é o terceiro a realizar o evento, que alcança pessoas de todas as faixas etárias, mas prioriza crianças e adolescentes. Antes receberam a manifestação o bairro Tapanã e a Terra Firme, em Belém. Esses bairros são considerados como “zona vermelha” pelas autoridades responsáveis pela segurança no estado.

O Mutirão é organizado a partir de uma ação coletiva das pessoas envolvidas. Não há recurso oficial, informa Preto Michel, um dos ativistas que ministra oficinas de grafite e literatura marginal. “A gente faz contato com o pessoal da quebrada, acerta horário, local, o material necessário, e cotiza”, esclarece Michel.

Conforme o educador social, o projeto dos coletivos vai se estender por todo ano de 2012. “Tudo tem sido registrado em foto e vídeo”, conta Michel, que espera apresentar o resultado no fim do ano com a realização de um grande evento.

No Guanabara a sede do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) serviu como quartel general para a realização das oficinas de hip hop e grafite. A casa é arrumada. Possui umas seis salas. Funciona durante toda a semana. Tem uma piscina no quintal. Integra a Secretaria de Ação Social da Prefeitura.

Eram umas 10h da manhã quando aportamos na casa. Manoel Domingos, um negro de 31 anos, segundo grau completo, evangélico ministrava aulas de hip hop. “Já fiz muita besteira. Fui pichador e perdi muitos amigos para a droga ou o crime”, explica o educador que é segurança da Igreja Universal, mas frequenta a Igreja Quadrangular.

O som era baixo. Os\as meninos\as de 11 a 16 anos exercitavam na varanda. Todos devidamente arrumados. Uns 20. Samuel Dantas tem 13 anos. É estudante da Escola Municipal Heronildes Frota de Aguiar pela manhã e à tarde pratica capoeira, natação e hio hop. Tem preferência pelo último item.

Domingos tem desenvolvido oficinas de forma sistemática desde o ano passado nas sedes de vários Cras em bairros considerados de risco. “Tudo começou na rua mesmo. Depois que surgiu o convite da prefeitura de realizar a ação nas sedes dos Cras” narra Domingos. Ele trabalha com um universo aproximado de 140 crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 18 anos em três locais considerados de risco: Icuí, Maguari e o Conjunto Júlia Seffer. Todos localizados em Ananindeua. O professor explica que a motivação do trabalho é poder ajudar outros jovens.

Parede para a liberdade de expressão
Faz 10 anos que Preto Michel milita como educador social. O nome de batismo é Michel Sarmento, tem 35 anos, é pai de um adolescente de 17. O nome foi uma homenagem ao ídolo pop Michael Jackson. Traja bermuda, tênis e camisa larga, como indica a etiqueta da cultura hip hop. Na noite anterior havia recebido uma homenagem de uma ONG de Belém pela primeira década dedicada à ação popular. Parecia cansado.

Na mochila os sprays. Na outra mão o balde com tinta branca. Ajudo a carregar o balde. Ele divide o grupo em equipes de cinco. A gurizada parece ansiosa para iniciar os trabalhos. “Tio, quando a gente começa a pichar, interroga um mais afoito”? Michel esclarece: primeira lição – grafite não é pichação. O sol era forte. Mas, a meninada não arredou o pé. Tudo é muito rápido. O educador indica os passos iniciais, como retirar o gás do spray. Demonstra a técnica. Depois pede para que cada um pegue um suporte e faça o mesmo.

Antes de iniciar os trabalhos as crianças e adolescentes usam a tinta branca para pintar a parede. Em seguida o instrutor abre o desenho, e vai dando dicas de como manusear o recurso do grafite. Os\as meninos\as alternam no protagonismo para a produção do desenho, que aos poucos vai ganhando forma. Isso sugere a participação de todos no processo de produção. Cada um com a sua colaboração. Um dos garotos parece mais habilidoso. É alvo de brincadeira dos colegas e adultos que acompanham a oficina: “nunca pichou uma parede”. Todos riem.

O mais novo tem 11 anos. É negro. Tem quatro irmãos. O irmão mais velho de Bruno de Oliveira tem 18 anos e desistiu de estudar. O caçula tem seis anos. Ele mora numa ocupação chamada Mariguela, referência ao ativista comunista nascido na Bahia. O pai é pedreiro e a mãe é diarista. A região é considerada barra pesada. O educador Domingos conta que o local onde o garoto mora é de risco, marcada pela presença do tráfico. E que a situação da moradia é precária.

Nas baixadas da região Metropolitana a arquitetura de madeira domina a paisagem. É recorrente situações de incêndios por conta da instalação elétrica improvisada e acidentes domésticos. Por conta da ausência de creches, é comum o filho mais velho “cuidar” dos menores. A obra coletiva se encerra. É um livro. Ao centro a mensagem: “Educação é família”.

Cabana FM – 10 anos de luta pela comunicação comunitária
Na praça as pick ups ecoam canções que buscam provocar a reflexão do povo da baixada. O evento coincidiu com uma ação da prefeitura para a prestação de alguns serviços. A banca da literatura marginal está montada. Quem quiser pode apanhar qualquer livro e ler. Entre as obras um clássico da pesquisa na Amazônia de autoria do professor Vicente Salles, O Negro na Amazônia.

Lacrada e fechada em várias ocasiões, coincidiu de ser o aniversário de 10 anos da Cabana FM, no dia 31. A emissora é comunitária. Ela fica perto da praça. Funciona na parte superior de um sobradinho. Há um ano conseguiu ser reconhecida pelo Ministério das Comunicações. Uma escadinha em espiral leva até o estúdio. O espaço é apertado.

O nome da emissora é uma referência ao movimento da Cabanagem (1835-1840). Insurreição popular que conseguiu tomar o poder no século XIX no Pará. Chapéus de palha estão sobre uma mesa. O chapéu de palha é ícone de representação do movimento. É perto de meio dia. O casal Margalho e Laélia Brito apresenta o Raízes Radicais, programa de reggae. No dial Erick Donaldson, uma referência do gênero, que vira e mexe baixa em São Luís para apresentações, e faz escala em Belém.

A emissora comunitária funciona na frequência 87,9. E pode ser acessada via net. http://cabanafm.com.br/. Uma trupe de crianças e adolescentes toma de assalto o estúdio. Gilvan Souza, que apresenta o programa Revoluson, ministrou uma oficina. São umas 15 pessoas. Antes da explicação de como funciona a emissora e as entrevistas, uma radionovela sobre violência contra as crianças faz as boas vindas da casa. A radionovela é uma produção da ONG Rádio Margarida, especializada em produção de conteúdo voltado para os direitos das crianças e adolescentes.

Praça ocupada e a calda longa – as meninas que realizam a oficina de trançado afro chegaram atrasadas. As 18 pessoas que esperavam foram embora. Elas usam os espaços da própria praça e começam a trançar o cabelo de quem se interessa. Na tenda das pick ups camisetas são comercializadas. Assim como os muros grafitados, elas exaltam a cultura de matriz africana ou signos do movimento hip hop. Na cidade existem várias grifes das baixadas.

A produção é do coletivo Cosptinta. O pessoal da Traumas Vídeos faz o registro audiovisual. São jovens da classe média que acompanham o universo do movimento. O blog (http://traumasvideo.blogspot.com.br/) da produtora independente informa as pessoas que integram o coletivo. Caio Romano cuida da fotografia publicitária, enquanto Júlio Sodré zela pela produção executiva e Michel Nôvo trata da edição.

Um primeiro olhar sobre os subterrâneos do que vem acontecendo em inúmeros momentos e locais da cidade, faz-nos lembrar das reflexões do geógrafo Milton Santos, numa obra que trata sobre globalização.

O “negão” laureado com o título de doutor honoris em vários países alertava que, uma nova civilização pode emergir a partir das formas de solidariedade do universo periférico do capitalismo. Parece que a marcha já deu os primeiros passos.

cartamaior

domingo, 1 de abril de 2012