Jadson Oliveira |
Matéria escrita em 31/05/2009
De Curitiba(PR) – Apesar de toda a parafernália das comunicações modernas, ou por causa dela, as pessoas, de modo geral, são muito mal informadas (ou desinformadas, não sei). Quando conheci o tacacá, em Manaus, perguntei a uma pessoa qual era a sua origem. E ela me disse que era uma comida baiana.
- Não pode ser, eu sou baiano e nunca vi isso por lá, rebati logo. Depois fui ver na sabe-tudo Internet. É de origem indígena, da região amazônica mesmo. Ainda em Manaus assisti a um Roda Viva (TV Educativa), com um cozinheiro espanhol (reconhecido internacionalmente, segundo o programa), o qual botava o tacacá nas alturas.
De fato, entre os turistas faz o maior sucesso. Seus componentes: tucupi, caldo amarelado extraído da mandioca, usado também em temperos, molho de pimenta (é apenas um dos componentes, o título acima é uma espécie de licença poética, acho que soa bem);
E mais: goma, também da mandioca; camarão; folhas de jambu (que têm um efeito estranho, adormecem a língua, mas dizem que não causam nenhum “barato” ou “viagem”); cuité, que é a cuia em que é servido; cesta – envolve a cuia pra não queimar as mãos; e o palito. Quando eu estava em Manaus (novembro/2008 a janeiro/2009), custava 6 reais e subiu pra 7.
Confesso que não gostei. Talvez porque tenha experimentado só uma vez. Achei o camarão muito salgado (desde que me diagnosticaram hipertensão, me acostumei com pouco sal). Mas, se tivesse insistido, talvez mudasse de opinião, pois estou seguro de que o hábito é determinante nessa coisa de comida. Pelo menos pra mim. Por exemplo: aquela farinha grossa do Norte, não gostei, mas insisti, e logo logo me habituei; três meses em Curitiba e já me acostumei a comer sem farinha e sem pimenta.
FRUTAS TÍPICAS DO AMAZONAS – Vou relacionar frutas típicas que topei lá em Manaus (espero identificar corretamente nas fotos, cuja postagem às vezes dá muito trabalho ,à editora Joana D’Arck, a querida Joaninha): pupunha, rambutã, mari, tucumã (tem a polpa amarelada/avermelhada que se come pura ou com pão, ou seja, como sanduíche), castanha do Pará, cupuaçu e pacovã, que é a banana da terra (verde) frita, depois de cortada em finas rodelinhas.
Tradicional da região, conhecido nacionalmente, é o guaraná, bebida que tem a fama de estimulante sexual. Além do básico, o xarope de guaraná natural, podem ser incluídos um ou mais dos ingredientes seguintes: catuaba do Nordeste, miratan da Amazônia, guaraná de Maués, gramola da Amazônia, soja de Mato Grosso, castanha de caju, amendoim da Amazônia, aveia e leite em pó. (Registro também a existência do peixe pirarucu, às vezes mencionado como o bacalhau do Amazonas).
CHAMBARI OU VACA ATOLADA? – Nos quatro dias que passei em Palmas, capital de Tocantins, vi uma matéria de página no Jornal do Tocantins, de 10/02/09, sobre comida típica. A estrela era o chambaril, mais conhecido como chambari (a matéria citava outras, bem mais comuns, como carne de panela, buchada, panelada e sarapatel).
Os ingredientes, segundo a reportagem: três tomates de tamanho médio, quatro colheres (de sopa) de óleo, molho de pimenta vermelha, coloral duas cebolas pequenas, uma peça de chambaril (parte da perna do gado), pimenta do reino e sal (recomenda servir com arroz branco e feijão, podendo acompanhar a farinha).
Fui provar o chambari na barraca Pedrita’s, achada por acaso após muito caminhar pelas ruas largas de Palmas. Achei a carne um pouco dura, mas gostei. Porém, dona Pedrita tirou todo o charme da “comida típica” (com aspas ou sem aspas?). Me disse: “Isso tem em todo lugar, só muda o nome”. Eu então me apresentei como de Salvador, Bahia. E ela, na bucha: “Na Bahia chama vaca atolada, é a mesma coisa”. Fica a questão para os entendidos.
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